Cantora se mostra no documentário mais humana, com receios e enfrentando as dores da sua doença.
POR AILTON RODRIGUES
NATAL/RN

A Netflix tem em seu catálogo um monte de documentários de diversos tipos, mas nenhum pode ser comparado a Lady Gaga: Five Foot Two, a maneira que a cantora é despida em frente as câmeras é comovente e ao mesmo tempo nos leva a fazer algumas reflexões.
A direção de Chris Moukarbel é enfática quando parece querer mostrar uma artista na sua face mais limpa e transparente. O documentário se passa desde a gravação do álbum Joanne em 2015 até o espetáculo do seu show da NFL em 2017.
Todos já sabemos que Gaga era um figura altamente extravagante e simbólica desde que surgiu em 2008 com o hit “Just Dance”, mas a obra deixa claro que ela também é uma figura sensível, preocupada e por muitas vezes solitária. Ao longo da jornada da montagem de Joanne, Gaga passa por muitas coisas que vão desde o vazamento do seu álbum que estava prestes a ser lançado oficialmente, até as complicações da sua doença (fibromialgia) que inclusive acarretaram com o cancelamento do seu show no Rock In Rio.

Todavia a obra não é espetacular. As abordagens do trabalho da diva como atriz, como foi o caso de American Horror Story, são esquecíveis e até desnecessárias para a obra, mas ela faz a revelação que teria sido convidada na época por Bradley Cooper para fazer “Nasce Uma Estrela”, filme esse que pode lhe render atualmente uma indicação ao Oscar 2019.
Apesar disso, o doc traz declarações importantes como é o caso da relação de Lady Gaga com os produtores, em especial com Mark Ronson, ao qual ela demonstra total confiança e o classifica como diferente dos demais por não a fazer se sentir usada ou diminuída.
“Você trabalha com muitos produtores que eventualmente te dizem ‘você não é nada sem mim’. Oito em cada dez vezes eu fui colocada nesta categoria’” – Lady Gaga.
As partes mais tocantes ficam pelo encontro de Gaga com sua avó aonde lhe apresenta a música idealizada para sua familiar homenageada Joanne e a crise de dores severas que ela sofre nas prévias do show comemorativo dos 90 anos de Tony Bennett.
Outro ponto que posso destacar é as comparações que são feitas o tempo todo entre a atual Lady Gaga, mais serena e ponderada, com a Lady Gaga de 2008, excêntrica e extravagante. Ela mesma chega a se perguntar se os fãs ainda gostariam dela por ver o álbum Joanne mais humano, como verdadeiramente ela é.
O que dá para tirar de conclusão é que ela jamais será qualquer uma, a sua importância como liderança de minorias e mulher de opiniões fortes e embasadas também ficam claras. Gaga recebe mensagens de fãs que a agradecem por os incentivarem a nunca desistir da vida, tudo por causa da música Born This Way.
Além do mais, se você for assistir ao documentário, vai curtir muita música boa no meio do enredo. Vale a pena dar uma olhada.
LADY GAGA: FIVE FOOT TWO
Disponível na Netflix.
Ano: 2017.
Direção: Chris Moukarbel.