O CONTADOR VIU: COISA MAIS LINDA – 2⁰ TEMPORADA

Série brasileira da Netflix continua sensível, mas poucos episódios apressam a trama.

POR AILTON RODRIGUES

Protagonistas Adélia (Pathy Dejesus), Malu (Maria Casadevall), Thereza (Mel Lisboa) e Ivone (Larissa Nunes).

A série brasileira Coisa Mais Linda chegou a sua segunda temporada na Netflix nesta última sexta-feira (18) e trouxe com ela a continuação de uma trama sensível, mas com algumas ressalvas.

Focada em manter o padrão da primeira temporada, Coisa Mais Linda ainda é cativante, mas seu desenrolar incomoda pela pressa. São apenas seis episódios, sendo os dois últimos com uma duração maior de 50 minutos.

Na trama a história de Malu (Maria Casadevall) continua depois do estopim do atentado a ela e a sua amiga Lígia (Fernanda Vasconcellos). Esta parte do feminicídio tem início, mas aparenta ter uma pausa e retomada no final da temporada. Malu, por sua vez, continua no drama de continuar equilibrar sua vida pessoal com a de administrar o seu clube de música que leva o nome da série.

Aliás, essa é uma característica de Coisa Mais Linda: seus pequenos clímax vão sendo rapidamente resolvidos ao longo de no máximo dois episódios. Aparentemente a beleza da trilha sonora e a força do debate de temas atuais como racismo e igualdade de direitos entre homens e mulheres (ou seja, feminismo) são os mais importantes para o roteiro. Podemos até afirmar que sororidade é a palavra de ordem.

Gostaria de destacar a grande atuação de Mel Lisboa, ela tem uma presença forte em toda a trama com sua personagem Theresa, além disso, seu arco vai sendo costurado de tal forma que só favorece o seu trabalho. As mulheres em si fazem melhores atuações que os homens na série, talvez até seja proposital.

A força das mulheres é marcante na série.

Para não deixar nenhuma das principais de fora, os arcos de Adélia (Pathy Dejesus) e Ivone (Larissa Nunes) demonstram o racismo e como o Rio de Janeiro dos anos 60 poderia ser tão machista. A vida no morro carioca que posteriormente se transformaria nas favelas e as manifestações religiosas de raiz africana também são mostradas de forma muito natural. Como deve ser.

Todavia, para quem assistiu a primeira temporada vale perceber que a toada continua a mesma. Minha principal crítica é justamente o medo que o roteiro teve de abraçar mais temas e dar mais relevância ao grande impacto do primeiro episódio.

Mas nada do que eu disse vai retirar o carisma de Coisa Mais Linda, inclusive a acho uma das obras brasileiras de melhor qualidade no streaming. Dê uma chance, vale a pena.

Nós continuamos de olho.

Autor: Ailton Rodrigues

Técnico em Informática (IFRN), que adora esportes e jornalismo, estando sempre disponível para bons papos. Coordenador de Comunicação do clube de futebol TEC (Tabua Esporte Clube), membro do Conselho do Coletivo de Direitos Humanos, Ecologia, Cultura e Cidadania (CDHEC), comunicador da Mostra de Cinema de Gostoso. Formado em Pedagogia (UFRN).