LUTAS SOCIAIS FORAM DESTAQUE NO ÚLTIMO DIA DE DEBATES DA MOSTRA

Filmes que mostraram lutas pessoais e coletivas em busca de reconhecimento e vida melhor foram os condutores do debate.

POR AILTON RODRIGUES
SÃO MIGUEL DO GOSTOSO/RN

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Rozângela Modesto, coletivo Nós do Audiovisual.

O último dia da Mostra de Cinema de Gostoso nesta terça-feira (21) começou com o Debate com os realizadores na Pousada dos Ponteiros e reuniu os diretores e membros de alguns filmes que foram exibidos na noite anterior.

Estavam reunidos na mesa Affonso Uchôa (Arábia), Wederson Neguinho (Arábia). Dênia Cruz (Leningrado, Linha 41), Juliana Antunes (Baronesa) e Rozangela Modesto (Coletivo Nós do Audiovisual) que abordaram vários assuntos importantes que deram a linha das suas obras.

Veja nosso resumão:

MADRUGADA A DENTRO

A noite desta segunda-feira (20) foi como sempre de bom público, desta vez contou com a visita de alunos do distrito do Antônio Conselheiro e do município de Touros.

As obras exibidas foram “Leningrado, Linha 41”, um curta potiguar que mostrou a luta de uma população em conseguir moradia após a ocupação de um terreno na região metropolitana de Natal. Na sequência, tivemos “Meninas Formicida” que mostrava os questionamentos de uma menina enquanto trabalhava contendo pestes em uma plantação de eucaliptos.

Por último tivemos o longa “Arábia” que de forma narrativa contou a história de Cristiano, um homem que buscava razões para se realizar na vida, porém sempre passava por situações complicadas.

A noite só terminou lá para as 2h da manhã, depois da exibição dos quatro curtas gostosenses de 2015 e a reexibição de “Gabriel e a Montanha”.

UMA LUTA DESDE O INÍCIO

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Affonso Uchôa, diretor de Arábia.

“Arábia” foi um filme que despertou a curiosidade de muitas pessoas durante o debate e por isso o Affonso Uchôa foi o alvo da maioria das perguntas:

“O Processo de gestação do Arábia foi complexo. As duas origens do filme tem muitas relações com A Vizinhança do Tigre. O filme promove o encontro de Ouro Preto e Contagem e a ideia começou em uma adaptação do conto Arábia de Jennys Joyce”, declarou Affonso.

A parte política do filme também foi muito explorada, como as relações de trabalho moldam nossa vida, ainda mais em uma cidade bucólica como é o interior de Minas Gerais.

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Wederson Neguinho, ator de Arábia.

“Desde o início deste país continuamos tirando coisas do chão e dando para os gringos. Quanto mais cresce o consumismo, diminui a consciência e por isso estamos a um ponto de voltar a uma sociedade com a miséria, e será pior que dos anos 90, pois agora há um discurso organizado de conformismo”, disse o diretor.

QUEREMOS TERRA

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Luara, produtora de Leningrado, Linha 41.

A segunda maior ocupação do Brasil foi retratada de forma criativa com influências russas que basearam o nome da comunidade de Leningrado:

“As assembleias aconteciam no chamado ‘Domingo Vermelho’, o nome surgiu em homenagem a Lênin. A comunidade não entendia, então cabia as lideranças passarem a mensagem”, disse Dênia Cruz.

A narração em russo foi feita por um amigo das diretoras e de acordo com elas foi fundamental para fazer um link com o contexto histórico.

VIDA REAL, NA LATA

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Juliana Antunes, diretora de Baronesa.

O curta “Baronesa” mostrou as mulheres batalhadoras das favelas em MG e a realidade das ações sem roteiro, ou como a diretora Juliana Antunes denominou de compartilhado:

“As meninas que participam do curta não são atrizes profissionais, construímos o roteiro juntas onde nós propusemos os temas e elas tocavam”, declarou Juliana.

Além desses temas, Rozângela Modesto do coletivo Nós do Audiovisual disse que eles pretendem lançar novas obras na linha ficcional que foram aclamados pelo público.

Os debates com os realizadores foram um sucesso de crítica e presença, durante todas as edições os temas foram bem embasados e ajudaram a divulgar ainda mais a Mostra de Cinema de Gostoso na cidade.

Nós continuamos de olho. Até qualquer hora!

Autor: Ailton Rodrigues

Técnico em Informática (IFRN), que adora esportes e jornalismo, estando sempre disponível para bons papos. Coordenador de Comunicação do clube de futebol TEC (Tabua Esporte Clube), membro do Conselho do Coletivo de Direitos Humanos, Ecologia, Cultura e Cidadania (CDHEC), comunicador da Mostra de Cinema de Gostoso. Formado em Pedagogia (UFRN).