O evento que abrange cerca de milhares de visitantes ao município traz cultura e cinema de qualidade, mas mesmo assim ouve críticas negativas de falsos moralistas (ou haters).
POR AIRIS VITAL E AILTON RODRIGUES
NATAL/RN
A Mostra de Cinema de Gostoso teve sua 4ª edição realizada neste ano de 2017 e durante estes anos mudou a rotina da cidade de São Miguel do Gostoso de forma arrebatadora. Sem sombra de dúvida se tornou o principal evento cultural em questão de mídia e número de apoiadores.
Porém, ano após ano, por incrível que pareça, lemos críticos nas redes sociais (seriam haters?) falando que os filmes exibidos não tem nível bom, que as pessoas só se aproveitam da cidade e o pior de tudo, que a Mostra de Cinema não traz benefícios.
Estas pessoas definitivamente não entendem que a CULTURA não é valorizada nesse país e o pior é que pouco aplaudem as iniciativas que só engrandecem o município e colocam Gostoso em um status de importância nacional como um dos principais festivais de cinema do ano no Brasil.
Nós resolvemos dissertar sobre alguns pontos que nossos amigos haters tanto questionam:
PROJETOS QUE FAZEM GOSTOSENSES CRESCEREM

Todo mundo fala que a TV manipula informação. Que devemos ser críticos com a mídia que estamos tendo acesso. Porém, onde fica as instruções de como ser um perfeito analista de informação?
O jornalismo, documentários, e filmes são sem dúvida alguns dos mais populares meios de formação de conhecimento e divulgação de informação. A cidade de São Miguel do Gostoso é uma que vem sendo contemplada com esses meios informativos a um bom tempo.
Vou começar por uma ação realizada pelo Espaço TEAR com oficinas de jornalismo e fotografia desde 2008, o fruto desse projeto é a revista Guajirú que teve quatro edições concretizadas. Até mesmo programa de rádio já foi ao ar, através de atuação desses mesmos jovens, pela ONG. A AMJUS é uma outra instituição, por exemplo, que motiva jovens a escreverem jornais locais, conscientizando a população sobre diversos assuntos como a preservação ambiental.
Um dos mais recentes projetos que estão na cidade é a MOSTRA DE CINEMA, que tem uma proporção nacional. E que envolve jovens do interior e da sede municipal, com oficinas e cursos voltados a área do audiovisual.
Vocês podem estar se perguntado, porque tanta contextualização sobre projetos e mídias informativas em Gostoso. É para ressaltar o potencialidade que temos para aprimorar nossa visão para o modo que recebemos e divulgamos a informação.
Se juntar todos os jovens envolvidos nos projetos citados acima, fora os outros subcategorizados e/ou categorizados em vertentes socioeducativas, notaremos em comparação ao quantitativo de jovens locais, que podemos sim FAZER A DIFERENÇA NO MUNDO, começando em Gostoso.
DAR ACESSO À CULTURA E À DIVERSIDADE NÃO É IMPOSIÇÃO

Temos ferramentas para fazer, transformar e construir. Mas como diz por aí a prática leva a perfeição. E nossos jovens “amadores” já possuem 10 filmes, internalizando e eternizando muito de nossa identidade local. Quem melhor do que nós mesmo para falar de nossa própria realidade? Gente da gente, que sabe as dificuldades e sonhos. Temos acesso as maiores fontes, da memória vida de Gostoso… Nossos avós, pais, tios contando aquilo que não tá registrado na biblioteca local.
Nossa cidade possui um potencial gigantesco para o turismo. Já parou para pensar em quanto a cidade mudou nesses últimos 7 anos? Para mim foi como se tivesse passado uns 15. A partir daqui surgem outros questionamentos: evoluímos ou regredimos? Podemos ir ainda mais fundo, sobre identidade social quem ganhou mais, nativos ou estrangeiros?
Se essa geração tem potencial para ser protagonista na informação e formação de opinião. Porque não investir em um evento nacional, onde gera intercâmbio de conhecimento e oportunidades?
Canudo Ricciotto (1912)*, atribuiu ao cinema a expressão sétima arte, pois em “síntese” demostrava uma arte total, como: a música, pintura, escultura, arquitetura, poesia, dança e outros. O detalhe disso é como as diferentes linguagens do cinema tomaram conta das ruas de Gostoso, você pode até não entender, mas no mínimo o fato de ter lhe intrigado já é uma grande resposta que você pode dar para o diretor. As pessoas têm que aprender que o diferente é bom e deve-se respeitá-lo acima de tudo.
A programação é divulgada com semanas de antecedência e todos têm acesso a isso. A pesquisa sobre a faixa etária e o conteúdo das obras é válida e depende de cada um. Só por isso o argumento de que as temáticas das obras SÃO IMPOSTAS ao público cai por terra. Você assiste se quiser! Os debates no dia seguinte, para falar sobre as obras, são um sucesso porque ajudam a entender justamente a intenção dos envolvidos nesses filmes.
Nós mesmos do Contador para fazer a cobertura do evento temos que pesquisar todas as obras selecionadas, para contar para vocês o melhor do festival.
Outro ponto falado por aí é que a HECO Produções trabalha simplesmente por lucro financeiro para realização do evento, podem tirar o cavalinho da chuva, nem eles, muito menos o CDHEC ganham nada pelo trabalho de co-realização, aliás ganham sim: prestígio.
Todo o dinheiro para que este gigantesco projeto saia do papel vem de editais e incentivos, na maioria públicos, como o RN Sustentável e o BNDES. A prefeitura, por sua vez, ajuda na parte logística e de produção, mas de forma alguma foi COLOCADO DINHEIRO DE ALGUM OUTRO SETOR MUNICIPAL PARA GERIR O EVENTO, nunca foi realizado qualquer tipo de desembolso ou convênio para esse projeto .
O CINEMA BRASILEIRO NÃO É IGUAL AO AMERICANO

Se puxarmos diretamente para a Mostra, foram exibidos 211 filmes de 16 estados nessas 4 edições. Obras de TODAS AS REGIÕES DO PAÍS, premiados tanto aqui como nos festivais internacionais, em especial Cannes.
Pelo que vimos os artistas brasileiros se empenham em trazer mensagens de empoderamento feminino (filme ‘Baronesa’ de Juliana Antunes), resistência (‘Escolas em Luta’ de Rodrigo T. Marques, Tiago Tambeli e Eduardo Consonni), luta contra homofobia (‘No Fim de Tudo’ de Victor Ciriaco), clamor pelos direitos sociais (‘Leningrado, Linha 41’ de Dênia Cruz)… Todos são temas que VOCÊ NÃO PODE IGNORAR! Tem que ser debatido!
O cinema brasileiro não é e jamais será do mesmo jeito que o americano, esse negócio de começo, meio e fim com herói e mocinha não é a nossa praia. Aqui é fazer pensar na realidade do seu país, da sua cidade, da sua rua. Claro que as pessoas tem o direito de gostar ou não, mas é inegável a importância das artes trazerem essas conversas à tona.
Concluindo, respondemos a pergunta do título com a seguinte colocação: o cinema em Gostoso é bom para todos. O pousadeiro/comerciante ganha (e muito), o município tem a mídia nacional voltada para si por 5 dias, o povo tem acesso a cinema brasileiro de alta qualidade gratuitamente e os alunos são imersos em um clima riquíssimo de influências culturais. Sem falar que o território do Mato Grande também ganhou um festival no “quintal da sua casa”… Tudo é incrível!
Se pode haver erros? Claro! Entretanto, é um absurdo alguém chegar na rede social e digitar que o NATIVO NÃO GANHA NADA COM ISSO. Quem não ganha é você, meu amigo hater, que pode continuar a vomitar palavras pelo seu teclado… Em 5 anos a Mostra só teve ascensão enquanto você tenta ganhar seus 15 minutos de fama se aproveitando dela.
Nós continuamos de olho!
*REFERÊNCIAS INFORMATIVAS: