Trama abusa de erotismo como muleta para levar enredo defasado, mas mantém uma direção boa com trilha sonora imersiva.
Por Ailton Rodrigues

‘Elite’ chegou a sua quinta temporada na Netflix com ar de que poderia surpreender, mas escorregou no clichê do próprio vício narrativo em um mistério que não consegue prender mais seus espectadores.
Talvez o fôlego que ainda faça alavancar a trama de Carlos Montero e Dario Madrona seja o alto índice de erotismo que é causada por uma juventude aparentemente inconsequente. A inserção de novos personagens também intriga, mas ao mesmo tempo frustra por não proporcionar profundidade, seja no debate do estupro como no uso de drogas que foi o carro chefe da ‘’Imperatriz de Ibiza” (Valentina Zenere).
O grande ponto fora da curva (pelo menos para nós, brasileiros) foi a inserção de André Lamoglia, um ator “verde e amarelo” que tem 150% de carisma na tela e ainda protagoniza o enredo que mais gruda na mente de quem assiste a temporada: com quem ele vai realmente se envolver?

Talvez a impressão de que o tempo não passa na escola Las Encinas e a premissa inicial que é perdida já na segunda temporada deixe essa sensação de mesmice. Mas como a série ainda agrada os jovens, a Netflix propôs fazer uma sexta temporada, mesmo que com seu elenco original praticamente todo zerado, quem sabe tenhamos sorte de que o roteiro não peque mais uma vez.
Para não deixar tudo no limbo das críticas negativas, a direção ainda é altamente eficiente, a trilha sonora se mostra imersiva e a condução das cenas de erotismo são bombardeadas de uma tensão que chega a resgatar ‘Elite’ de ser uma série absolutamente comum.
Que na próxima temporada, ‘Elite’ proporcione mais surpresas do que mesmices.