POR PEDRO BATISTA
Nordeste, meu sertão.
Cabra da peste é teu meu coração.
De lutas, sofrimento, determinação,
De estórias que agora vou assim contar.
O que na história livro se pode pesquisar,
mas que só o sertanejo pode bem descrever
dos que aqui nesse chão nasceram e vieram a lutar
por uma nação que prefere nem junto te ter.
Nordeste, rico na colônia da exploração,
Só dava de comer às bocas dos barão.
Pois quem mais do ouro branco era zeloso
Recebia de prêmio a escravidão longe de seu povo.
Quando levaram a receita de bolo
Pra plantar em novas terras o doce tesouro
Houve a corrida pelo ouro de fato
Abandona Nordeste, desbrava o mato.
Eis que vem a separação
Sou Brasi, e colônia não quero mais ser não.
Queria ser conferência do Equador
Tanto lutei, mas padeci revoltoso ao Pedro imperador.
Mas meu povo inté que se acostumou.
Meu povo de fé, sertanejo de labuta se criou
Mas a república aqui chegou
Mais pobreza, impostos e menos valor o caba da peste ganhou
Surgiu conselheiro, Antônio Vicente, que Canudos fundou
E de reduto monarquista, fanáticos que a elite o rotulou
Pela fé, resistiu não mais querendo ter que bancar
privilégios dos grandes, como fora na colônia, chega já!
Mas as feras foram até lá
Coronéis sem seus jagunços
Mamata ameaçada
República maldita criada pra elite
E para o povo, nada!
E tiraram Belo Monte do mapa a sangue
Lutaram contra espingardas, como numa santa cruzada.
À matadeira exterminam o levante
De povo que defendia sua terra a fogo tomada
Mais tarde acaba o regime da espada
Nada muda, ainda brincam de massacrar.
Só os coroné não se podem derrotar
Eram café com leite, eram eleição fraudada.
E pra pelejas de próprio feitio.
Criam novo povo inglório
Jagunçada agora era cangaço
Que deixou de ser pau mandado
Pra ser lutador cabra macho
Virgulino, Corisco, Maria Deia e Dadá.
Cruéis, heróis, cobras criadas,
Pela desigualdade abarretada
Não reconhecem o poder do cabra macho
Que muito fez pela nação que nem nos vê mais como Brasi
Só como capacho
E vai Lampião varrendo sertão
À bala, à faca, chamando atenção.
Só foi parado por Bezerra em traição
Fim do herói do Nordeste inimigo da nação.
É seca, fome, mas tem fé nos nossos home
Padinho Ciço, São Francisco, Nossa Senhora mãe de Deus,
Senhor nosso Jesus Cristo, para sempre seja louvado tão bom senhor.
Vem cá nos resgatar da miséria trazendo amor.
Cabra macho, Nordeste.
Ainda luta por sua gente
Que morde serpente e bebe água de pedra
Come a terra, vive sem mordomia.
E enquanto você lia
Mais Nordeste se cria
Mais Brasil se faz
Nordeste, cabra da peste, meu berço de paz.