Obra que completa 20 anos em 2020 tem enredo atemporal e se reforça com a direção primorosa de Guel Arraes e atuações extraordinárias de grande elenco.
POR AILTON RODRIGUES

A Rede Globo decidiu em 2020 reexibir uma série que fez um sucesso estrondoso em 1999 e adaptado para o cinema no ano seguinte, claro que estou falando do primor escrito por Ariano Suassuna em 1955 intitulado de ‘O Auto da Compadecida’. Na época a emissora exibia durante o período noturno e chegou a atingir um pico de 39 pontos de audiência.
Assisti novamente esta obra buscando um bom humor brasileiro e fui agraciado por lembranças generosas, além de me deparar com uma verdadeira obra de arte 100% brasileira.
Na trama passada no sertão nordestino, em uma cidade chamada Cabaceiras na Paraíba, nela dois homens para sobreviver se valem da esperteza. Esses protagonistas são nada mais, nada menos do que João Grilo (Mateus Nachtergaele) e Chicó (Selton Melo) que trazem frases emblemáticas que ficam no imaginário popular:
“Não sei, só sei que foi assim” – Chicó.
O elenco é formidável e dá suporte de luxo a Selton e Mateus, os personagens deles fazem uma série de enganações com figuras consagradas da TV brasileira como Marco Nanini, Diogo Vilela, Denise Fraga, Lima Duarte, Rogério Cardoso dentre outros que arrancam boas risadas.

Com isso, vem o ato mais primoroso de toda o filme que é o julgamento da morte de João Grilo onde ele se encontra com Jesus Cristo (Maurício Gonçalves), o Diabo (Luís Melo) e a compadecida Nossa Senhora (Fernanda Montenegro). Com diálogos bem tramados e uma sequência que chega a emocionar faz com que o desfecho do clímax seja digno de uma das maiores obras brasileiras ao qual já tive o prazer de contemplar.
“A esperteza é a coragem do pobre” – Nossa Senhora Aparecida.
Indico a todos que já viram o filme, voltem a ver ou esperem pela série da Globo. Já os que ainda não viram (se é que tem alguém que não viu) deem uma oportunidade de assistir a um grande filme brasileiro.
Nós continuamos de olho.