A ONDA BOLSONARISTA E PARTIDARISTA TEM COLOCADO A CAPACIDADE DE PENSAR EM RISCO NAS ELEIÇÕES

Por que mesmo com um discurso agressivo, intolerante, preconceituoso, que incita o ódio e a violência, Bolsonaro tem convencido a muitos? O foco das eleições tem sido  o ‘‘ele sim’’, ‘‘ele não’’ e o partidarismo, principalmente relacionado ao PT.

POR AUXILIADORA RIBEIRO E PAULO CÉSAR MARTINIANO
SÃO MIGUEL DO GOSTOSO/RN

eleições 2018
Fonte Google Imagens

Mesmo diante de um discurso violento, intolerante, e por vezes, contraditório, Bolsonaro tem convencido a muitos. Confira nossa opinião e entenda que nosso objetivo não é angariar votos para um ou outro candidato, mas sim, alertar nossos leitores a respeito de alguns pontos importantes na escolha de quem votar para presidente e evidenciar questões que não se consegue dialogar no dia a dia com grande parte do eleitorado.

Contextualizando

É fato que nós brasileiros estamos cansados de tantos acontecimentos ruins que vêm acontecendo em nosso país, principalmente relacionado a segurança pública, e a corrupção que envolve vários partidos.

São nessas feridas que o candidato a presidência Jair Bolsonaro tem investido, tendo como foco acusações ao partido PT – candidato Haddad – pois devido a todo o processo e a prisão do ex-presidente Lula o partido está em mais evidencia do que nunca, bem como, se colocando como o salvador da pátria, como aquele que vai trazer a paz, a ordem, resgatar valores e colocar o país no eixo.

O partidarismo, o favoritismo, a preguiça de pensar, de buscar se informar tem levado a maioria do eleitorado a se fundar apenas em fontes como o Facebook e o WhatsApp, por exemplo, onde circulam várias informações falsas, as chamadas – Fake News – e a toma-las por verdades, as vezes absolutas. E essas inverdades não é referente a um só candidato ou partido, mas é uma realidade que atinge a todos.

Embora exista o questionamento sobre a veracidade ou não das noticias propagadas, devemos nos ater a questão de que ao fazer isso, além de ajudarmos a promover a ignorância, transmutamos o problema de propagar falsas informações e nos tornamos o problema em questão.

O perfil do eleitor

É evidente que o perfil de grande parte do eleitorado brasileiro é de realmente se apegar apenas ao que circula nesses meios, esquecendo-se que vivemos na era da informação, e que há tantas formas de conhecer os candidatos e se certificar se as informações as quais já tiveram acesso são verídicas. A escolha dos candidatos tem se baseado naquilo que se vê nas redes sociais, ou em algo que alguém disse a favor ou contra determinado candidato.

As pessoas se acostumaram a votar naqueles candidatos que estão a frente, não se importando com nenhum outro critério, o foco são as duas opções, que nessas eleições tem sido Bolsonaro e Haddad, onde porquê não simpatizo com Bolsonaro voto no PT e porque não gosto do PT voto em Bolsonaro ignorando-se que existem também outras opções, pelo menos no primeiro turno.

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Diante disso, as posturas que os dos dois lados adotam são geralmente radicais, em que se torna quase que impossível dialogar com esse eleitorado, e quando se consegue ao menos iniciar, pois rapidinho se aflora os ânimos, em grande parte por falta de argumentos sólidos, e qualquer tentativa de diálogo resulta num combate.

Porém, quando se consegue iniciar, a conversa já começa errada com uma pergunta inicial do tipo: DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ? Onde ou você é conservador, ou você é liberal, ou de direita, ou de esquerda, socialista, comunista, ou a favor da redução da maior idade, ou contra, defensor do armamento ou do desarmamento, etc.

Podemos perceber que questões tão delicadas, que precisam de longa análise são colocadas de forma superficial para angariar votos. E a maioria do eleitorado alienado, pousa de bobo e joga o jogo dos candidatos, discutindo sobre questões tão complexas num plano meramente superficial, sem um conhecimento responsável da causa.

O que fazer?

Nosso papel enquanto eleitores, mesmo nos sentido muitas vezes num beco sem saída com a crise política que enfrentamos, deve ser o de buscar nos informar, não só assistindo debates – que geralmente são vergonhosos, pois o foco não são as propostas, e sim o jogo de ofensas entre os candidatos -, mas também buscar o plano de governo que é parte fundamental no processo de escolha do candidato.

É preciso LER para CONHECER, e saber o que cada candidato está pensando em fazer com nosso país, verificar se as propostas são equilibradas, se me identifico com elas, e se o candidato está seguindo em seus discursos a linha do seu plano de governo.

Quanto a Bolsonaro

Entendemos que há realmente o elemento ‘‘emoção’’ quando, por exemplo, pessoas militantes dos Direitos Humanos, defensoras do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA declaram seu voto para Bolsonaro, sendo que o mesmo defende a redução da maior idade penal que contradiz totalmente a bandeira que tais militantes levantam, bem como a mudança de foco dos direitos humanos de forma que se volte para a vítima, declarando com isso que os direitos humanos estão contra as vítimas.

Como ele se declara radical e conservador, muitas pessoas religiosas, também optam por este candidato, e isso nos faz pensar se o foco é realmente o BRASIL, ou no que Bolsonaro pensa e acredita. O que estamos ouvindo nas nossas igrejas não é o amor, a paz, a mansidão, etc.?

Quanto a proposta de armamento o Papa Francisco se declarou a respeito e houve fortes críticas dos bolsonaristas, pois para um bom entendedor, poucas palavras bastam. Confira:

comentário Papa Francisco
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comentário concordando com o papa
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‘‘ Vote em Bolsonaro porque só ele vai colocar o Brasil no eixo!’’

Falso, enganoso! Para quem não sabe como se dá o processo político democrático no país, existe um princípio na Constituição chamado de SEPARAÇÃO DE PODERES, que inclusive está elevado a condição de cláusula pétrea – que não pode ser mudado – diante do qual, mesmo que Bolsonaro tente ser soberano, autossuficiente, ele depende do Congresso Nacional – que  representa, ou ao menos deveria representar O POVO – para quaisquer mudanças, a menos que ele queira rasgar a Constituição de 1988, que inclusive hoje 05 de outubro de 2018 está completando 30 anos, der um golpe de Estado e faça outra de acordo com os seus interesses.

‘‘ Ele não é preconceituoso, nem violento, o que ele propõe é a paz e volta dos valores…’’

Paz não é o que seus discursos transmitem. Quanto aos valores, são muito amplos, valores não se colocam nas pessoas de goela abaixo, é um processo de construção que demora muito, e não são as ‘‘palmadas’’ que conseguirão fazer isso.

‘‘Ora, se for preciso os pais dar umas palmadas nos filhos para o corrigir, que o faça!’’

Ora, parece que Bolsonaro não anda assistindo TV, pois o que está em questão nesse caso não é o Estado interferindo nas palmadas que os pais têm ou não direito de dar nos filhos, mas nos excessos que chegam a matar ou comprometer a saúde da vítima. E com certeza não são algumas palmadas que fazem esse estrago…

LGBT,  respeitar é o caminho da paz. Livre arbítrio significa decidir o que quer e o que não quer, claro, quando capaz de decidir. O candidato prega o ódio, colheremos o que?

Seu plano de governo é preocupante, pois é meramente superficial, mais especificamente geral, sem propostas claras, específicas, o que pode ser um risco, pois não se sabe na verdade qual de fato será sua postura de governante. O plano foca apenas em Economia, segurança, saúde, educação, infraestrutura… e cita o programa bolsa família. Cadê a Assistência, a cultura, o meio ambiente, etc.? Declara ainda que a Constituição deve ser respeitada, porém, em seus discursos nos leva a entender que ele é quase que contra tudo que ela ordena.

Enfim, talvez seja bom pensar que assuntos complexos, delicados, como redução da maior idade penal, armamento, aborto, etc. não deveriam ser propostas de governo, e por isso, não deveriam ser critério de escolha de candidato, pois é preciso uma análise criteriosa a respeito. Estamos à beira das urnas, mas ainda dá tempo de buscar informações e sair da superficialidade.

Até a próxima!

Autor: Auxiliadora Ribeiro

Técnica em Administração pelo Instituto Federal do Rio Grande do Norte - IFRN; Bacharelanda em Direito pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte; membro da trupe teatral "Café com Leite".