Cineastas e produtores demonstram expectativas altas por melhorias no setor cultural brasileiro

Discurso é uníssono entre os realizadores de que há expectativas para restabelecimento dos incentivos financeiros e uma espécie de revitalização da Ancine após ataques contínuos do Governo Bolsonaro.

Por Ailton Rodrigues

Cineasta debatem temas sobre o audiovisual brasileiro na Mostra de Cinema de Gostoso (Foto: Rubens dos Anjos)

O discurso entre os cineastas e produtores ouvidos pelo Contador na 9ª Mostra de Cinema de Gostos é um só: “estamos esperançosos em ter de volta investimentos e incentivos para o setor cultural brasileiro”. Tudo graças as expectativas positivas da reconstrução do Ministério da Cultura, que até então está desmontado e virou uma pasta “fictícia” dentro do Ministério da Cidadania.

Muitos desses realizadores como o diretor Sérgio de Carvalho que trouxe para Gostoso o longa Noites Alienígenas, premiado com 5 kikitos no Festival de Gramado, disse que grande parte das obras que estamos vendo hoje na Mostra ainda são resquícios de editais de 5 ou 6 anos atrás. Novos financiamentos federais para o setor só estão sendo realizados com pressão da justiça. Outras formas de obter dinheiro passam pelo apoio dos governos estaduais ou simplesmente da força bruta com vaquinhas virtuais ou “bater de porta em porta” atrás de patrocinadores.

O Governo Bolsonaro, escancaradamente conservador, não enxerga o setor como algo produtivo mesmo com pesquisas como a da empresa Motion Picture Association – América Latina (MPA-AL), que mostrou em 2016 que o setor injeta 23 bilhões de reais por ano no país e emprega, direta e indiretamente, mais de 495 mil pessoas.

Agência da Ancine no Rio de Janeiro (Foto: Lucas Tavares / Folhapress)

Todavia, não será da noite para o dia que as coisas vão melhorar. Alguns cineastas projetam pelo menos um ano para o reinício das políticas voltadas para o audiovisual, mas receberam com entusiasmo a notícia dentro do Seminário sobre financiamento de que a ministra Carmen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu neste sábado (05) efeitos da Medida Provisória assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) que adiava os pagamentos das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2.

Para Kleber Mendonça Filho, diretor de Bacurau que levou o Brasil a Cannes, em entrevista à Folha de São Paulo ele atentou a necessidade de mudanças na forma de gerir o audiovisual brasileiro e aguarda uma organização inteligente, quem sabe regulada nos moldes como a Europa faz.

O que sabemos até o momento é que fazer eventos e promoção da cultura nesse país sempre foi sinônimo de resistência e luta. Continuemos acompanhando quais serão os próximos passos, Até qualquer hora!

Autor: Ailton Rodrigues

Técnico em Informática (IFRN), que adora esportes e jornalismo, estando sempre disponível para bons papos. Coordenador de Comunicação do clube de futebol TEC (Tabua Esporte Clube), membro do Conselho do Coletivo de Direitos Humanos, Ecologia, Cultura e Cidadania (CDHEC), comunicador da Mostra de Cinema de Gostoso. Formado em Pedagogia (UFRN).