O Contador Viu – 365 Dias: Hoje

Filme, que beira o pornô, demonstra objetivo de querer fazer o espectador transar e surpreende pelo roteiro esquisito e atuações fracas.

Por Ailton Rodrigues

A história conturbada do casal Massimo (Michele Morrone) e Laura (Anna-Maria Sieklucka) voltou a Netflix nesse mês de abril, mas pelo que podemos observar em ‘365 Dias: Hoje’ é que as polêmicas também não pararam.

No primeiro filme a situação delicada do abuso e da Síndrome de Estocolmo, onde as vítimas psicologicamente simpatizam ou amam seus agressores após longos períodos de intimidação, foram os grandes holofotes. Já nessa nova obra, o abuso parece suavizado, mas mesmo assim a trama sofre de problemas mais complexos: falta roteiro, atuações são fracas…

É brochante, pelo menos se seu intuito for ver uma obra minimamente bem construída, mas se você quer sentir um pouco de tesão, talvez sua viagem não seja a toa. Desta vez a direção das cenas picantes caprichou. Tem sexo em todo lugar e quase por todo filme. Agora mesmo não sendo um sexo vulgarizado, tudo se volta a isso, como por exemplo, no presente de Natal que Laura oferece para Massimo: uma noite de sexo selvagem com ela sendo submissa, deixando ele fazer o que quiser e no dark room tem brinquedos que vão de algemas até plug anal.

Se voltarmos ao enredo mesmo, não tem. Não há explicações básicas de como as coisas se encaminharam para aquele momento. Laura perdeu um filho, mas como? Quem é o irmão de Massimo e qual seu objetivo? Laura é submissa porque quer? Falta mais profundidade para que a obra nos toque para além do tesão.

Não tem como não reconhecer que o trabalho de fotografia, maquiagem, cabelo e trilha sonora são bons. Mas o filme ficou longe de entregar uma boa experiência, inclusive não me surpreende se seu nome aparecer no Framboesa de Ouro.

Até qualquer hora.

Autor: Ailton Rodrigues

Técnico em Informática (IFRN), que adora esportes e jornalismo, estando sempre disponível para bons papos. Coordenador de Comunicação do clube de futebol TEC (Tabua Esporte Clube), membro do Conselho do Coletivo de Direitos Humanos, Ecologia, Cultura e Cidadania (CDHEC), comunicador da Mostra de Cinema de Gostoso. Formado em Pedagogia (UFRN).