O CONTADOR VIU: CINDERELA

Adaptação da Amazon Prime Video dá uma roupagem diferente para o clássico, mas peca em falta de profundidade e atuações beirando filmes Sessão da Tarde.

POR AILTON RODRIGUES

Cinderela da Amazon peca em falta de profundidade e abordagem clichê.

A Amazon Prime Vídeo tentou a todo custo sair da fórmula Disney de fazer clássicos e inovou a fazer uma Cinderela (2021) absolutamente musical e preocupada com representatividade feminina, mas pecou ao não dar profundidade ao que realmente importava: a história da protagonista.

Começando pelo elenco, podemos dizer que era de se esperar uma trama bem ritmada e cheia de nuances musicais. Além de Camila Cabello que estreia como protagonista, o elenco de Cinderela contava também com Idina Menzel (Frozen), Billy Porter (Pose), Pierce Brosnan (007), Minnie Driver (O Fantasma da Ópera) e Nicholas Galitzine (Chambers), ou seja, teríamos muita cantoria afinada mas a atuação de Cabello e Galitzine são rasas e não permitem que tenhamos empatia com os personagens condutores do filme.

Aliás, ao falarmos sobre atuações é impressionante como a madrasta vivida por Idina Menzel e o “fado madrinho” de Billy Porter roubam a cena com suas atuações musicais e trejeitos que chamam mais atenção do que a própria Cabello no clímax do filme. Aproveito para destacar uma cena que merece até um elogio: a performance de Menzel cantando Dream Girl, canção escrita especialmente para obra.

Idina Menzel rouba a cena em Cinderela.

Outro ponto que chama atenção é o roteiro que beira aos filmes da Sessão da Tarde, mesmo com uma proposta inovadora de musicalizar. O problema é que a obra abusou de bandeiras da autonomia feminina, apesar de sempre ser relevante falar sobre isso, mas não deve ser uma abordagem gratuita. Cenas como a de Cinderela questionando o príncipe que ao se casar poderia perder seu sonho de ser estilista ou do desentendimento do rei com a rainha sobre casar ou não por amor soou como forçado e sem profundidade alguma.

Infelizmente, o filme será visto como uma pequeniníssima dose de lazer. Não cria nenhuma lembrança forte e logo será esquecido por todos nós. Uma das únicas coisas que me deixaram feliz ao ver o filme foi o design de produção: fica nítida a vontade de acertar as cores e os elementos robustos que engrandecem as cenas, mas houve preguiça em pensar na composição dos elementos.

A sensação no final foi de que vimos mais do mesmo.

CINDERELA (2021)

Duração: 1h52
Disponível em: Amazon Prime Vídeo
Nota do Contador: 4,5

Autor: Ailton Rodrigues

Técnico em Informática (IFRN), que adora esportes e jornalismo, estando sempre disponível para bons papos. Coordenador de Comunicação do clube de futebol TEC (Tabua Esporte Clube), membro do Conselho do Coletivo de Direitos Humanos, Ecologia, Cultura e Cidadania (CDHEC), comunicador da Mostra de Cinema de Gostoso. Formado em Pedagogia (UFRN).