O CONTADOR VIU: AÇUCENA #MCGNOCONTADOR

O diretor Isaac Donato, que  também é co-roteirista junto de Marília Cunha, trás no longa-metragem “Açucena” uma filme que transcende o gênero ficção e o documentário.

POR RUBENS DOS ANJOS

Cena do filme Açucena.

“Todo ano, uma mulher de 67 anos comemora seu aniversário de 7 anos”. Com essa sinopse um tanto intrigante, o filme é apresentado ao público e está disponível online gratuitamente nesta 7ª Mostra de Cinema de Gostoso que está acontecendo até o próximo domingo (14).

Açucena, a anfitriã da festa, exige que todas as paredes sejam pintadas na cor rosa, os portões e grades brancas, além de todas as suas bonecas usando vestidos e sapatos novos. Toda a comunidade se empenha em fazer os gostos da aniversariante.

Nos primeiros minutos do longa o diretor Isaac Donato tenta evocar um clima de suspense no espectador, em seguida a trama se desenrola em planos fixos e bastante recortados, encontrando em reflexos de espelhos e objetos a figura dos personagens, que em diálogos bastante naturais desmistificam o enredo e contribuem para a evolução da narrativa.

O uso da câmera nessa obra é algo admirável, aqui o espectador é levado a se esgueirar entre árvores, cabeças de bonecas e móveis da casa cor de rosa. No depoimento disponível na plataforma Innsaei.TV o realizador diz que usou desse artifício “para sustentar um centro de interesse, que é o de não interromper a integridade do real”.

Açucena

As críticas nacionais logo elencaram o longa de Isaac em um gênero bastante inusitado do habitual, sendo considerado um documentário de suspense. As imagens que se sucedem nos transforma em cúmplices de Açucena e suas conversas com as bonecas, um sentimento de que não deveríamos estar presenciando aquilo. Mas faz imaginar que são peças de um quebra cabeça que são montados ao longo de cada take.

Nós continuamos de olho na Mostra de Cinema de Gostoso. Até qualquer hora!

Autor: Rubens dos Anjos

Fotógrafo, Designer, Operador de Som Direto, Editor de Vídeos e Diretor de Cinema. Sócio-fundador da Agência de produção de fotos e vídeos; Solarfotos. Como diretor fez parte de quatro curtas-metragens: O Grande O (2017 Ficção), Autômato do Tempo (2018 Ficção) e Carta Branca (2019 Ficção) e Mestre Marciano (2020 Documentário), e como operador de som direto colaborou com varias produções entre elas o curta O Grande Amor de Um Lobo, produção com exibições em mais de 30 festivais e já ultrapassa o número de 25 prêmios. Rubens também conta com a participação em um projeto selecionado para o GloboLab Profissão Repórter 2019, onde teve a vivência de uma semana junto de Caco Barcellos e equipe.