Encenação foi adaptada por causa da falta de recursos, mas mesmo assim atraiu público e chamou a atenção da cidade.
POR AILTON RODRIGUES
SÃO MIGUEL DO GOSTOSO/RN
A noite deste último sábado (22) em São Miguel do Gostoso ficou marcada por dois momentos: o primeiro deles foi a realização do Cortejo de Natal que atraiu os munícipes e turistas para acompanhar a encenação nas ruas gostosenses e o segundo motivo foi a comprovação da força de vontade do Coletivo de Direitos Humanos, Ecologia, Cultura e Cidadania (CDHEC) em promover cultura, mesmo sem incentivo algum.

O programado era para que o 11º Auto de Natal de Gostoso saísse do papel e mesclasse os elementos do cortejo, junto com a tradicional encenação de palco que já conhecemos, mas a falta de apoio e recursos obrigaram que o espetáculo fosse cancelado. Mas, para que esse marco do calendário da ONG não ficasse com uma lacuna em branco, o grupo decidiu ensaiar nos 20 dias que restavam uma encenação mais enxuta, apenas o cortejo saindo do Espaço TEAR e encerrando tudo na Praia da Xepa.
Como resultado, foi dezenas de pessoas acompanhando o trajeto junto com os atores majoritariamente nativos, além da população que ficava curiosa nos estabelecimentos e casas ao qual o cortejo ia passando logo na porta.

Foram cinco paradas até a parte do encerramento na Praia, a inserção mais destacada do Boi de Reis e do Pastoril, que de acordo com a trama foi dada como presente para o menino Jesus que acabara de nascer, foi emblemática e arrancou aplausos da população. Os atores que são tipicamente nativos também deram show nas performances, o detalhe é que neste ano muitas carinhas novas surgiram e se fundiram com os experientes dando todo aquele charme que o teatro de rua proporciona.

Todavia, os problemas técnicos e da própria cidade de São Miguel do Gostoso também se revelaram. Pela encenação, houve algumas lacunas no trajeto e dificuldades de controlar o espaço das pessoas na área de paradas das cenas.
Quanto a cidade, a iluminação se mostra em situação lamentável e em pontos movimentados como é a Avenida dos Arrecifes, além disso a forte desorganização do trânsito não corresponde ao status que Gostoso tem como pólo turístico do estado. Os carros se apoderam das laterais das vias e deixam passagens estreitas para que os outros veículos circulem, isso sem falar quando não invadem as calçadas e nesse caso até os pedestres ficam sem espaço.
E está chegando o Réveillon Gostosos onde a cidade praticamente dobra de população, a pergunta é como essa situação ficará?

Apesar disso, fica uma lição. O CDHEC não conseguiu patrocínio dos estabelecimentos, empresas, muito menos de organizações municipais. Mas, é evidente que a ONG é o maior produtor cultural da cidade e que luta ano após ano para manter o nível alto das encenações. O mais incrível disso tudo é que não recebe um centavo em troca e ainda é alvo de discursos políticos mesquinhos. Mas a cultura prevalece acima de tudo isso, ela é transformadora e foi ela que deu uma identidade ao CDHEC onde por mais que tentem destruí-la, virá outra safra de grandes protagonistas e calará a boca dessas pessoas novamente.

Falta união de todos em prol de uma coisa que deveria ser um bem comum: o crescimento saudável de São Miguel do Gostoso, onde o nativo seja o ator principal. Onde Cultura e Educação (nos seus diversos sentidos) sejam os focos, sem isso Gostoso inevitavelmente ficará “sem alma” e em um espaço de tempo muito rápido.
VIVA A CULTURA!
Nós estamos de olho. Até qualquer hora!