O Contador viu: Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (2022)

Filme abraça o bobo e indaga como somos pequenos diante de tudo que nos cerca.

Por Ailton Rodrigues

Michelle Yeoh vive Evelyn em Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo.

Quando assistimos a um filme buscamos sempre entender a coerência e assim assimilar ele como uma obra padrão que nos entretenha ou nos faça refletir o que não é o caso de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (2022) aqui a coerência é simplesmente banal.

A trama se concentra em Evelyn (Michelle Yeoh) que se equilibra entre estar em um casamento desgastado com seu marido Waymond (Ke Huy Quan), ele inclusive propõe a separação, além disso sua filha lésbica, Joy (Stephanie Hsu), almeja contar ao avô Gong Gong (James Hong) sobre sua sexualidade, mas enfrenta relutância da sua mãe.

A cereja do bolo ainda seria escapar da falência do negócio da família, situação essa que é negociada com a auditora de imposto de renda Deirdre (Jamie Lee Curtis), mas nesse redemoinho pessoal ela descobre a existência do multiverso e que precisa deter uma entidade chamada Tobu Tupaki que pretende simplesmente destruir tudo.

No meio disso tudo vemos como o filme roteirizado e dirigido pelos Danieis (Daniel Kwan e Daniel Scheinert) recebeu 11 indicações ao Oscar, incluindo o de direção e melhor filme. A história é inocente e ao mesmo tempo complexa buscando a imersão em temas filosóficos como a banalidade da nossa existência e até mesmo uma crítica a enxurrada de informação que recebemos das redes sociais.

Mesmo com outras concepções de linhas temporais, os diretores conseguem manter o eixo da trama principal, sem nos deixar ficar vagando no limbo que poderia ser a inserção de outras histórias paralelas, pois a trama segue sendo em sucessão. Ou seja, mesmo com esse caleidoscópio que pode ser inicialmente um caos visual tem um objetivo de clarear o enredo, não confundi-lo.

Drama familiar rodeia a trama de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo.

Sobre as atuações não tem como não destacar Hsu e Yeoh, suas personagens são complexas e ao mesmo tempo reais. Dá a entender que os diretores homenageiam a protagonista revivendo cenas de ação dignas de O Tigre e o Dragão (2000) que foram protagonizadas pela própria Michelle Yeoh. Por outro lado, Stephanie Hsu é incrível ao trazer uma adolescente que vive lidando com os traumas da própria mãe, mas só deseja ser aceita e abraçada.

Termino de ver o filme com a sensação de que não somos nada diante da imensidão do mundo.

Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (2022)

  • Duração: 2h19
  • Disponível: Amazon Prime Vídeo
  • Nota do Crítico: 10

Autor: Ailton Rodrigues

Técnico em Informática (IFRN), que adora esportes e jornalismo, estando sempre disponível para bons papos. Coordenador de Comunicação do clube de futebol TEC (Tabua Esporte Clube), membro do Conselho do Coletivo de Direitos Humanos, Ecologia, Cultura e Cidadania (CDHEC), comunicador da Mostra de Cinema de Gostoso. Formado em Pedagogia (UFRN).