Opinião: Gostoso não é mais uma cidade de ‘beira de estrada’, cuidado com o que se fala

Repercussão com falas de autoridades e lideranças nos últimos tempos mostram que a cidade tem os holofotes da imprensa estadual voltados para si.

Por Ailton Rodrigues

Foto: reprodução

Já passou muito do tempo que São Miguel do Gostoso era uma simples e pacata vila de pescadores, ao longo dos últimos 10 anos (prazo que o Contador nasceu e registra os acontecimentos da cidade) vimos o município crescer e virar a galinha dos ovos de ouro do Estado.

Isso tudo porque ostentar o título de 3º maior polo turístico do Rio Grande do Norte é grande demais para não se ter a noção de que tudo o que se fala tem repercussão estadual. As últimas semanas foram assim com uma chuva de informações e declarações que tomaram conta de manchetes em jornais, blogs e redes sociais.

Desde a polêmica recente das obras na Praia do Tourinho onde a ida do prefeito Renato de Doquinha ao gabinete do senador Styvenson Valentim para questionar as revogações de licenças dadas pelo IDEMA gerou um borburinho que parou na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte foi perceptível que não vivemos mais em um município de beira de estrada.

O termo ‘beira de estrada’ uso para designar algo que não teria importância ou era até então escanteado. Há pautas que em Gostoso gera mais conteúdo do que em outros municípios vizinhos, com todo respeito aos nosso vizinhos, mas é verdade.

A resenha do momento nasceu por áudios veiculados em um grupo de WhatsApp com respostas ríspidas (e até inconsequentes) a um vídeo de uma comerciante que criticou a falta de investimentos em infraestrutura na cidade. Esses mesmos áudios despertaram a atenção de Wendel Lagartixa, que ganhou muita fama nas redes sociais sendo uma espécie de justiceiro sem papas na língua.

Wendel, por sua vez, não poupou broncas e certos insultos as responsáveis dos áudios. Com seus mais de 240 mil seguidores obviamente São Miguel do Gostoso virou outra vez foco de falação pelas mídias de todo o RN. Um verdadeiro caos.

Precisamos tirar lições de tudo isso, talvez a principal delas é que outra vez teremos uma campanha política polarizada e as redes sociais serão bem mais presentes do que em 2020. Não podemos também menosprezar o poder de fala que indivíduos como vereadores, secretários e pré-candidatos possuem para disseminar conceitos ou opiniões equivocadas. Mesmo a maioria deles sendo do tempo dos dinossauros e fingir desconhecer a magnitude da internet, eles devem se responsabilizar pelo que dizem.

Talvez o poder das palavras para São Miguel do Gostoso seja uma faca de dois gumes. Em tempos de celulares ‘espertos’ e internet que adentrou de vez o interior, quem vai arriscar ser mal interpretado? Ou melhor, quem vai usar desse poder todo e ser esperto para ganhar engajamento? Dar feliz aniversário a todo mundo ou fazer vídeos com interpretações toscas onde claramente se está lendo um papel é o suficiente?

Respostas difíceis de dar agora, mas já sabemos que nem tudo o que pensamos devemos falar… Ou em tempos políticos: prometer.

Nós continuamos de olho. Até qualquer hora!

Autor: Ricardo André

Professor de Matemática, produtor cultural e presidente do Espaço TEAR (CDHEC)

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