Obra indicada pela Espanha para o Oscar 2024 impacta pelo psicológico e nos faz refletir sobre quando se perde tudo e só resta a fé nos seus amigos para te manter sobrevivendo.
Por Rubens dos Anjos

Em 1972 uma equipe de rugby uruguaia faz uma viagem de avião para o Chile, junto com eles vão mais algumas pessoas, como parentes e amigos, contabilizando 45 pessoas ao todo. Mas a aeronave sofre com as péssimas condições do tempo e colide com uma das montanhas dos Andes, aquelas pessoas que resistiram ao acidente devem lutar para sobreviver ao frio e a fome.
Alguns podem pensar, “Ah! Mas eu já vi essa história antes!” Sim, esse filme é baseado em um livro de mesmo nome do escritor uruguaio Pablo Vierci, e antes disso, em 1993 já tinha sido feita uma versão para aos cinemas chamada “Vivos”, dirigida por Frank Marshall que seria baseado em um outro livro “Alive: A história dos sobreviventes dos Andes e estrelada” de autoria do norte americano Piers Paul Read, todos os livros são baseados em fatos reais.
O filme de 1993, é estrelado por Ethan Hawke, Josh Hamilton e tem a narração de John Malkovich, nomes conhecidos em Hollywood contando uma história que aconteceu na América do Sul.
Os tempos são outros, mas a brutal história é a mesma, porém a abordagem e elenco são diferentes, inclusive da produção de 93. “Sociedade da Neve” traz em sua maioria atores e atrizes uruguaios ou argentinos, com direção do espanhol J.A Bayona que vem trilhando carreira no cinema comercial com filmes como Jurassic World 2 (2018) e O Impossível (2012).
A proposta narrativa que Bayona escolhe para contar essa história, expande um pouco o mundo para quem viu o filme de Frank Marshall. “Sociedade da Neve” busca mostrar a vida dos passageiros para além do acidente, eles enquanto amigos, família, time, e o cristianismo, que será algo recorrente dentro da produção. Senti uma leve pincelada na América Latina dos anos 70 em plena convulsão social e politica, enquanto “Vivos” monstra apenas o acidente e a persistência daquelas pessoas em sobreviver. Outra coisa é o impacto psicológico na vida dessas pessoas, que é muito bem transmitido através da atuação desse jovem elenco.
O ator uruguaio Enzo Vogrincic que interpreta Numa Turcatti, narra o filme, com uma voz que representa não só os vivos, mas também os que não conseguiram sair desse acidente com vida, o que nos proporciona um lado mais sentimental e reflexivo. A fotografia assinada por Belle Delphine que mostra graficamente a violência contra as pessoas dentro avião durante a queda e ao decorrer do longa, sem falar nas belas imagens contemplativas que dão dimensão do inferno branco onde eles estavam perdidos.
Essa produção busca trabalhar o todo, Bayona constrói o elenco de forma homogenia não destacando ninguém de fato, o que reforça o pensamento coletivo de sobrevivência, e que todos foram fundamentais para aquelas 16 pessoas saírem dali vivas depois de 72 dias isoladas na cordilheira dos Andes no que ficou mundialmente conhecido como o Milagre nos Andes.
Um ótimo complemento para esse filme é o já citado aqui, Vivos (1993) que esta disponível pela internet e o documentário Estou Vivo: Milagre Nos Andes que esta no canal da History no YouTube.
- Disponível: Netflix.
- Duração: 2h24m
- Nota do crítico: 4/5.
