Curta-metragem dos jovens formados pelos cursos técnicos em audiovisual demonstraram amadurecimento em obra que abraça metalinguagem.
Por Ailton Rodrigues

Nunca é fácil falar de si mesmo, às vezes nossas imperfeições e desejos ficam suprimidos pelo anseio de se mostrar mais forte perante a sociedade. Pelo que vimos isso não foi problema para o Coletivo Nós do Audiovisual que abraçou a metalinguagem no filme que leva o nome do grupo e que deu o pontapé inicial na 10ª edição da Mostra de Cinema de Gostoso nesta última sexta-feira (24).
Foi poético, nostálgico e emocionante em todos os 20 minutos do curta-metragem dirigido por Maísa Tavares e Clara Leal que teve como plano de fundo as gravações do novo curta ‘Maremoto’ que será exibido já neste sábado (25). Com uma mensagem cristalina a obra faz refletir que os moradores, os jovens, suas famílias e a própria cidade de São Miguel do Gostoso foram influenciadas pela arte cinematográfica, mesmo que não percebam.
Desde 2013 foram mais de 100 jovens que participaram dos cursos técnicos de formação audiovisual e produziram 27 curtas metragens abordando aspectos culturais e sociais da cidade. Mesmo que por muitas vezes não tenha sido necessariamente o desejo deles, escancarando a inquietude da adolescência na chegada a sua vida adulta.
Precisa-se de dinheiro, precisa-se de incentivo, mas também precisa-se de arte. Nesse dilema o ponto alto do curta chega onde alguns membros da primeira turma se veem como eram 10 anos atrás. Segundo pesquisa do Contador divulgada em 2018, 49% desses jovens estavam se formando em cursos técnicos ou de Ensino Superior, 30% haviam formado família e 21% estavam trabalhando, mas todos declararam que mudaram sua forma de enxergar o mundo após participar dos cursos.
Que a inquietude desses jovens/adultos siga sendo um combustível para conquista dos seus sonhos.
O que mais rolou na abertura?

A MCG também teve toda sua parte protocolar, mas também marcada por desejos de vida longa no aniversário dos 10 anos. Discurso da Governadora do Estado do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, salientou que a expansão do audiovisual potiguar também passava diretamente pela Mostra de Cinema de Gostoso.
O prefeito Renato de Doquinha afirmou que a Mostra de Cinema de Gostoso é um evento que deve perdurar por muitos anos e fomenta o crescimento do turismo local. Em outro momento alto da noite, Padre Fábio Potiguar, fundador do Coletivo de Direitos Humanos, Ecologia, Cultura e Cidadania (CDHEC) declamou Maracatu Atômico e enfatizou que a arte é um setor que deve ser cada vez mais alimentado na sociedade.
Os curta-metragem ‘As Marias’ de Dannon Lacerda e o longa ‘Saudade fez morada aqui dentro’ de Haroldo Borges foram os encarregados de abrir os trabalhos da Mostra Competitiva. No curta foi contada a história sobre suas tias trigêmeas – Maria Etelvina, Maria Leonor e Maria Salvadora – e como seriam os costumes de uma cidade do interior do Mato Grosso. Por sua vez, o longa trouxe a história de Bruno, um jovem de 15 anos que acometido por uma doença degenerativa que o faz perder a visão precisa lidar com os desafios da adolescência junto a sua nova condição.
O Contador continua de olho na MCG. Até qualquer hora!