Ambas obras levaram dois prêmios para casa, edição de 2024 chamou atenção por ter grande público em todas as sessões, além de curadoria afinada.
Por Ailton Rodrigues

Chegou ao fim nesta última terça-feira (27) a 11ª edição da Mostra de Cinema de Gostoso e como destaques da cerimônia de encerramento tivemos as vitórias do longa-metragem Kasa Branca (2024) de Luciano Vidigal e do curta-metragem Hoje eu só volto amanhã (2024) de Diego Lacerda, ambos pelo voto popular.
Todavia, as duas obras ainda levaram mais um prêmio para casa. O longa carioca conquistou o prêmio Mistika e Dot, que fornece recursos de pós-produção para os filmes vencedores nesta categoria, já o curta pernambucano foi considerado também o melhor pela imprensa presente no evento.
Fecharam a lista de vencedores, o longa Manas (2024) de Marianna Brennand ficou com o prêmio da imprensa, Bati da Vila (2024) de Raquel Cardozo foi agraciado com o prêmio Mistika e Dot na categoria curta e a menção honrosa desta edição ficou com Raposa (2024) de Margot Leitão e João Fontenele.

A noite ainda foi encerrada com uma sessão especial onde foram exibidos o curta-metragem Fim de Jogo (2024) de Clara Leal, componente do Coletivo Nós do Audiovisual, e o longa-metragem Luiz Melodia: no coração do Brasil (2024) de Alessandra Dorgan.
Uma grata surpresa da noite foi o prêmio especial das empresas Mistika e Dot que darão 50 mil reais em pós-produção para o Coletivo Nós do Audiovisual usarem durante a execução do seu primeiro longa-metragem que está previsto para 2025.
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CURADORIA AFINADA E PÚBLICO ROUBARAM ATENÇÃO

Após o incidente de 2023 – onde um convidado proferiu falas de cunho racista – a organização do evento resolveu diversificar ainda mais a seleção dos filmes e para isso ampliou sua curadoria. incluindo três mulheres negras (Mariana Souza, Janaína Oliveira e Carine Fiúza). O resultado desse ato foi elogiado por todos os presentes, a linha narrativa dos filmes das sessões foram afiadas e sensíveis.
Os debates proporcionaram profundas reflexões que comoveram as pessoas em algumas ocasiões. O que também pode ser creditado pelas escolhas da seleção das obras, que de fato deu liga.
O público também foi um dos marcos. A casa cheia em todas as sessões foi um fato marcante, mesmo que entre sexta e domingo tradicionalmente sejam os maiores públicos com mais de 2 mil pessoas por noite, foi visível que na segunda e terça também houve demanda.
Outra prova disso foi o flagra da fila de chinelos que os espectadores fizeram para poder entrar na Mostra Panorama localizada na Sala Petrobras.
FESTIVAL PARA “FURAR BOLHAS”

Eugênio Puppo e Matheus Sundfeld falaram sobre a Mostra de Cinema de Gostoso em entrevistas recentes e destacaram os êxitos do projeto ao longo desses 11 anos:
“A gente demorou 10 anos para entender essa mostra. E a cada ano acontecem coisas absolutamente inusitadas. E o que a gente percebeu? Para continuar tendo sucesso, não pode se tornar obsoleto. Então nos juntamos, por exemplo, a três curadoras, mulheres pretas e ampliamos ainda mais o olhar dos filmes. Outro ponto é que o fato do filme não ser inédito não é problema, ao contrário dos grandes festivais de cinema. Por último, não é um festival de colegas, de amigos, a gente traz o filme. É um festival para furar “bolhas” (de privilégios, de temáticas etc). A gente faz o festival onde o Brasil faz a curva estamos no lugar do país mais próximo do continente africano, tudo isso nos inspira”, disse Eugênio Puppo para a revista Veja.
“Mas é curioso notar que São Miguel do Gostoso abraçou a Mostra desde a primeira edição. É claro que a gente tinha aquele receio no início, porque as pessoas aqui não estão habituadas a assistirem a filmes em salas de cinema. Basicamente, assistem na televisão, e são filmes estrangeiros. Esse era o perfil do público de Gostoso. Então foi um pouco desafiador, pensando se as pessoas iriam prestigiar. Mas desde a primeira edição, todas as sessões foram muito cheias. Isso vem desse trabalho de base, envolvendo os jovens da cidade”, declarou Matheus Sundfeld ao site Meio Amargo.
MOSTRA DE GOSTOSO 2024: OS VENCEDORES
PRÊMIOS DO JÚRI POPULAR
Melhor longa-metragem: Kasa Branca
Melhor curta-metragem: Hoje eu Só Volto Amanhã
PRÊMIOS DA IMPRENSA
Melhor longa-metragem: Manas
Melhor curta-metragem: Hoje eu Só Volto Amanhã
PRÊMIO DOT E MISTYKA
Longa-metragem: Kasa Branca
Curta-metragem: Bati da Vila
MENÇÃO HONROSA
Raposa
Nós continuamos de olho.
Fontes consultadas: