Primeiros cinco episódios disponibilizados no Globoplay mostram que João Emanuel Carneiro traz clichês, personificação de Carminha e características de folhetim em obra viciante.
Por Ailton Rodrigues

A Globo mergulhou de vez no streaming e trouxe a primeira novela totalmente original da sua plataforma, o Globoplay, com Todas as Flores escrita pelo já renomado João Emanuel Carneiro que fez grandes e estrondosos sucessos como Avenida Brasil (2012), A Favorita (2008) e Da Cor do Pecado (2004).
Não por acaso, Carneiro sabe como prender o telespectador e pra isso abusa de clichês de novelas clássicas com a mocinha usada, o cara injustiçado e até a vilã icônica, mas o grande mérito dele é explicado na direção e no roteiro. A novela prende você à tela e tem o privilégio de contar com um elenco renomado como Regina Casé, Caio Castro e Cássio Gabus Mendes.
Contudo, outro ponto que o autor consegue fazer com maestria é acelerar o ritmo. No primeiro episódio você é capaz de se sentir ofegante com a sucessão de acontecimentos. Mesmo que nos outros episódios o ritmo caia levemente, muitos outros autores não entregariam tanto quanto João Emanuel Carneiro faz aqui em apenas cinco.
Sobre a trama principal, temos Maíra (Sophie Charlote) uma mocinha cega que vive com seu pai (Chico Díaz) no interior de Goiás, mas que é encontrada por sua mãe, Zoé (Regina Casé), até então tida como morta. Todavia o intuito da mãe não é se redimir de um abandono, mas usar a menina na cura da sua outra filha, Vanessa (Letícia Colin), que enfrenta uma leucemia.
A ambiciosa mãe planeja que sua filha Vanessa se case com o jovem Rafael (Humberto Carrão), herdeiro da empresa Rhodes, para assim viverem uma vida de luxo. Mas o que elas não contam é que ele se aproxima e apaixona-se por Maíra sem saber que elas são irmãs.
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Nesse contexto estilo novela mexicana que vem a minha crítica negativa, as coincidências são simplesmente sobrenaturais. Zoé consegue ocultar Maíra do seu circulo social, mesmo a jovem cega trabalhando na empresa ao qual Rafael é dono, além disso, as duas irmãs dividem o mesmo namorado sem saber simplesmente porque nunca pronunciam o nome dele uma para outra.
Porém, eu te perdoo João Emanuel Carneiro!
Os núcleos secundários são tão interessantes quanto o principal e traz ao meu ver o responsável pela grande atuação desses primeiros cinco episódios: Nicolas Prattes! Ao interpretar Diego ele entrega uma carga dramática ao típico injustiçado que nos faz torcer para que ele saia da sua crise.

Não posso terminar este texto sem fazer menção honrosa a Letícia Colin, a ‘pupila de Carminha’ entrega cenas maravilhosas de vilania daquele jeito que a gente ama odiar: deboche, ironia e ruindade.
Não sei o que esperar dos outros episódios que virão dessa novela, mas posso afirmar que ela deveria estar na TV aberta e em horário nobre.
Até qualquer hora!